
Japão constrói a maior estrutura de madeira do mundo usando técnica milenar
-
Por Márcio Freire
- Leitura: 4 min
No último dia 13 de abril, começou a Expo 2025. A sede deste ano é em Osaka – Japão. Os organizadores decidiram surpreender construindo um Pokemón gigante… bricadeira rs. Na verdade, eles ergueram a maior estrutura de madeira do mundo.
Quando falamos em Japão, logo vêm essas referências, mas dessa vez, os japoneses decidiram recorrer a sua tradicional engenharia para bater o recorde.
Há 174 anos, as Exposições Universais reúnem nações em um misto de inovação, arte e cultura. A Torre Eiffel, por exemplo, nasceu como atração temporária da Expo de Paris, em 1889 — e acabou virando símbolo eterno da engenharia.
As Expos funcionam como vitrines para a apresentação de novas tecnologias. Foi em palcos assim que o mundo conheceu o telefone, o elevador, a TV em preto e branco, o raio-X — e até o ketchup Heinz.
Neste ano, além das inovações presentes no evento, algo que vem chamando bastante atenção é a estrutura circular de madeira que envolve toda a feira: o Grand Ring.
Essa estrutura gigantesca de madeira foi construída sem utilizar nenhum prego. Continue a leitura que a gente te explica como isso é possível.
#ArtigosRelacionados 🔗
#Categorias 📝
#ConteúdoEmVídeo ▶️
Qual é a maior estrutura de madeira do mundo?
A maior estrutura de madeira do mundo, reconhecida pelo Guinness Book, é o Grand Ring. A estrutura tem 2 km de circunferência, 30 metros de largura e 61 mil m² de área. Ele foi construído especialmente para a Expo Osaka 2025.
Construir um anel com mais de dois quilômetros de circunferência já seria um desafio por si só. Agora imagine fazer isso usando madeira — e sem nenhum prego ou gota de cola. Parece loucura? Pois foi exatamente o que o Japão fez na Expo 2025.
O segredo está em uma técnica tradicional chamada Nuki, utilizada há séculos na construção de templos budistas e santuários japoneses. Nessa técnica as peças de madeira são unidas por encaixe, formando travamentos que garantem estabilidade.
Para erguer o Grand Ring, estima-se que tenham sido utilizados 27 mil m³ de madeira! A estrutura foi construída em 20 meses.
Apesar de, tradicionalmente, essa prática ser feita inteiramente de forma manual, os construtores da Expo 2025 combinaram o método milenar com tecnologias modernas.
Equipamentos atuais foram utilizados para agilizar a montagem e instalação da estrutura — sem comprometer o princípio da construção por encaixe.
Além disso, alguns pontos foram reforçados para garantir resistência a terremotos, uma exigência essencial em um país como o Japão. A estrutura serve como cobertura e passarela de circulação para os visitantes.
Por que o Japão escolheu madeira em pleno século XXI?
Num evento recheado de robôs, inteligência artificial e veículos autônomos, a escolha da madeira pode parecer contraditória. Mas essa decisão carrega um simbolismo.
O design circular, com 700 m de diâmetro, envolve praticamente o pavilhão de todos os 160 países participantes. O objetivo é simbolizar a união (algo difícil em tempos de guerra). A Rússia, por exemplo, não está participando da feira.
A proposta da Expo 2025 gira em torno do tema “Designing Future Society for Our Lives” — ou seja, projetar a sociedade do futuro pensando na vida das pessoas. E, nesse contexto, a madeira representa tradição, união e baixo impacto ambiental.
Além disso, o uso da técnica Nuki reforça uma mensagem importante: é possível olhar para o futuro sem abrir mão da identidade e do conhecimento ancestral.
A escolha também conversa com um movimento crescente na arquitetura global: a madeira como alternativa ecológica ao concreto e ao aço. O Japão, que já é referência nesse campo, aproveitou o palco da Expo para reforçar esse protagonismo.
Mas há quem critique essa sustentabilidade. Afinal, o que será feito com essa estrutura após o evento?
A maior estrutura de madeira do mundo é provisória?
Segundo os organizadores da Expo 2025, o Grand Ring foi projetado para ser desmontado e reaproveitado. Como a técnica Nuki não utiliza pregos nem colas, boa parte das peças pode ser desmontada com mais facilidade.
A proposta é que os materiais sejam redistribuídos em projetos públicos e comunitários pelo Japão, ampliando o ciclo de vida da madeira utilizada.
Alguns especialistas questionam a viabilidade prática dessa desmontagem e redistribuição. Em obras dessa escala, o reaproveitamento nem sempre sai como planejado.
Há também uma segunda possibilidade em debate: preservar parte do Grand Ring como símbolo permanente da Expo, a exemplo da Torre Eiffel ou do Atomium. Mas, até agora, nada foi decidido.
A pressão maior se dá principalmente por conta do custo, para construção do Grand Ring foram gastos 230 milhões de dólares (aproximadamente R$ 1,2 bilhão) — valor que representa mais de 14% do orçamento total da Expo.
Principais tecnologias da Expo Osaka 2025
Não é apenas a maior estrutura de madeira do mundo que se destaca na Expo Osaka. O evento é palco para as tecnologias que prometem moldar o nosso futuro! Entre as inovações apresentadas, destacam-se:
- Coração Artificial com Células-Tronco: A empresa japonesa Cuorips criou um mini coração que pulsa sozinho, feito com células iPS. Ele mostra como a medicina regenerativa pode salvar vidas sem precisar de um transplante.
- Células solares de nova geração: O terminal de ônibus da Expo usa células solares de perovskita, que são finas, leves e captam luz até em ambientes nublados. A maior instalação do mundo está lá, com 250 metros de extensão.
- Carros voadores: A empresa SkyDrive levou seu modelo elétrico de decolagem vertical (eVTOL) e está deixando os visitantes verem (e até testarem) como será pegar um “Uber voador” no futuro.
- Robô-cavalo movido a hidrogênio: Sim, você leu certo. A Kawasaki apresentou o Corleo, um robô quadrúpede que pode transportar uma pessoa montada. Algo até então nunca visto.
Participação do Brasil na Expo Osaka 2025
Antes mesmo do evento começar, ocorreu uma polêmica em relação ao projeto do pavilhão brasileiro.
Em 2022, o projeto do Studio MK27 — uma estrutura inspirada nos rios voadores da Amazônia — venceu o concurso nacional promovido pela ApexBrasil e pelo Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB).
O projeto foi elogiado e amplamente divulgado nas principais publicações sobre arquitetura do mundo. Porém, alegando redução de custos, a ApexBrasil decidiu mudar a proposta para algo com dimensões menores.
A mudança dividiu opiniões, principalmente pela forma como foi conduzida.
Assim, o novo projeto, sob a curadoria da cenógrafa Bia Lessa, propõe uma experiência sensorial e participativa. O ambiente imersivo é dividido em cinco atos: Existir, Diferir, Confluir, Extinguir e Reexistir.
A ideia é conduzir o visitante por uma jornada que reflita sobre a condição humana, a diversidade, os conflitos e os caminhos possíveis para reconstruir o mundo — alinhando-se ao tema da Expo: “Projetando a sociedade do futuro para nossas vidas”.
Apesar da mudança de projeto e das críticas iniciais, o pavilhão já recebeu mais de 100 mil visitantes nas primeiras semanas de evento (dados da ApexBrasil).
Toda segunda às 07h direto no seu e-mail.
Veja também!
Café no concreto? Austrália constrói o 1° pavimento do mundo com concreto de café
Pesquisadores australianos constroem o 1° pavimento do mundo que utiliza concreto de café. Resultados impressionam!
Senna Tower pode perder título de prédio residencial mais alto do mundo para Dubai
Brasil x Dubai! Um prédio de luxo em Dubai quer atrapalhar os planos da Senna…
China envia tijolos lunares ao espaço visando base na Lua
Construir na Lua não é mais ficção! Descubra como a China quer transformar isso em…
Franz Reichelt e o Salto Fatal da Torre Eiffel
Fatos bizarros em estruturas famosas: O alfaiate que tentou inventar um paraquedas, mas algo deu…
Black Friday da Engenharia Civil: as melhores ofertas encontradas!
Computadores, equipamentos, ferramentas e materiais essenciais para a engenharia com os menores preços.
Poço de Veneza: a engenharia que salvou a cidade da sede.
Cercada por água salgada, como a população de Veneza tinha água potável? A engenharia explica!