Arquitetura do futuro? A torre impressa em 3D mais alta do mundo é inaugurada
Nos Alpes Suíços, a vila de Mulegns estava à beira do desaparecimento. Com apenas 16 habitantes e diversos prédios abandonados, a solução encontrada para chamar a atenção do mundo foi tão ousada quanto inovadora: construir a torre impressa em 3D mais alta do mundo.
Assim nasceu a Tor Alva, ou Torre Branca. Olhando de longe, parece ser apenas mais uma estrutura impressa em 3D. Porém, essa torre foi desenvolvida com inovações até então nunca utilizadas.
Além do recorde, seus criadores querem provar que a impressão 3D pode ir muito além de prédios quadradões e sem personalidade. Utilizando programação e geração de algoritmos, a Torre Branca possui um design único e totalmente inovador.
Continue a leitura que te conto todos os detalhes por trás desse projeto que pretende ser um divisor de águas no uso da impressão 3D na construção civil.
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A TORRE IMPRESSA EM 3D MAIS ALTA DO MUNDO
A Tor Alva, localizada na vila de Mulegns, nos Alpes Suíços, é oficialmente a torre impressa em 3D mais alta do mundo. Com 30 metros de altura e um diâmetro que varia de 7 a 9 metros, ela foi construída utilizando tecnologia de impressão 3D em concreto com reforço estrutural integrado — algo inédito na engenharia mundial.
O projeto foi desenvolvido pela Fundação Cultural Origen em parceria com a ETH Zurique, sob a liderança dos arquitetos Michael Hansmeyer e Benjamin Dillenburger, especialistas em design computacional e fabricação digital.
Como foi construída a tor alva?
Diferente da arquitetura convencional, a Tor Alva não foi desenhada manualmente. Todo o projeto foi gerado por meio de programação paramétrica, onde algoritmos definem as formas, os padrões, as texturas e até o comportamento estrutural da torre.
Esse processo de design auxiliado por computador permite uma personalização em massa. Um único código foi usado tanto para projetar os diferentes formatos das colunas quanto para decorar cada uma delas com padrões ornamentais algorítmicos exclusivos.
Para transformar as formas geradas digitalmente em realidade, foram utilizados dois robôs trabalhando em conjunto:
🦾 Um robô responsável pela extrusão do concreto, aplicando camada por camada de material.
🦾 Outro robô inseria a armadura metálica simultaneamente, criando colunas estruturais, uma inovação inédita no mundo da construção.
A Tor Alva é o primeiro edifício do mundo a utilizar colunas estruturais impressas em 3D, com as armaduras sendo posicionadas durante o próprio processo de impressão.
O braço robótico que aplica as camadas de concreto utiliza um material especial com estabilizador e acelerador para cura rápida. Ou seja, cada camada precisa endurecer rapidamente para suportar a próxima, garantindo a estabilidade do processo.
Como no processo não há a necessidade de fôrmas, o concreto é depositado com precisão só onde é realmente necessário, gerando uma economia de até 40% no uso de material comparado à construção tradicional.
O filamento de concreto 3D é aplicado em camadas de 25 mm de largura e 8 mm de altura, formando um caminho de impressão contínuo de aproximadamente 5.000 metros por coluna.
Ao longo de todo o processo, o braço robótico percorreu incríveis 160 km para imprimir as 32 colunas que sustentam o projeto.
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por que a tor alva tem esse formato?
O formato da Tor Alva tem uma explicação histórica e cultural. Sua estrutura de quatro andares foi projetada para imitar um bolo ornamentado em camadas, prestando homenagem à tradição dos confeiteiros de Grisões, que emigraram da região levando suas habilidades para toda a Europa.
A estética da torre, com colunas ramificadas e geometrias ornamentais, faz uma ponte direta entre o passado e o futuro. Porém, mais do que uma escolha estética, esse formato também cumpre uma função estrutural.
As colunas foram projetadas para serem mais largas e robustas na base, garantindo estabilidade, e se tornam mais esbeltas e ramificadas no topo, criando leveza visual, eficiência estrutural e integração com o cenário montanhoso dos Alpes.
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Como foi a montagem da Tor Alva?
Depois de todo o processo digital, com o projeto gerado por algoritmos e a impressão das peças em concreto 3D, começava uma das etapas mais desafiadoras: a montagem da Tor Alva nos Alpes Suíços.
Ao contrário de outras tecnologias de impressão 3D na construção, a Tor Alva não foi impressa diretamente no canteiro de obras.
Toda a estrutura foi pré-fabricada no laboratório da ETH Zurique, em ambiente controlado, onde os robôs imprimiam de uma a uma cada peça da torre.
A etapa seguinte foi a pré-montagem em Savognin, uma cidade a cerca de 10 km de Mulegns. Lá, as colunas foram montadas em módulos completos, facilitando o transporte e acelerando a montagem no local definitivo.
A logística foi planejada como se fosse um enorme jogo de Lego arquitetônico. Cada peça foi numerada, transportada e posicionada com precisão.
No canteiro de obras, a montagem aconteceu nível por nível, com encaixes parafusados e juntas secas — sem uso de concreto ou argamassa na ligação. Cada nível da torre foi montado em apenas um dia.
Essa solução não só trouxe agilidade como também garantiu que a torre pudesse ser 100% desmontável e reutilizável, alinhada aos princípios de sustentabilidade e circularidade.
O impacto da Tor Alva para Mulegns e para o futuro da construção
A Tor Alva ficará no vilarejo de Mulegns por 5 anos, funcionando como ponto turístico, teatro e espaço cultural. Depois desse período, ela será desmontada e poderá ser remontada em outro local.
A torre surgiu como uma estratégia ousada para revitalizar a vila, trazendo de volta visitantes, turistas, investidores e, principalmente, colocando o nome de Mulegns no mapa global da inovação arquitetônica.
O projeto prova que a impressão 3D na construção civil não se limita a formas simples e previsíveis. Pelo contrário — com a combinação de design paramétrico, fabricação digital e robótica, se torna possível criar estruturas complexas, eficientes e otimizadas.
Durante décadas, a construção civil se baseou em métodos tradicionais — com fôrmas, moldes e processos manuais. A Tor Alva deixa claro que o próximo passo da construção pode ser guiado por dados, algoritmos e robótica.
Michael Hansmeyer: o arquiteto que transforma códigos em arquitetura
Durante a pesquisa sobre esse projeto, me deparei com o trabalho do arquiteto Michael Hansmeyer — e, sinceramente, é impossível não se impressionar com o que a arquitetura computacional pode fazer.
Michael Hansmeyer é um arquiteto e pesquisador conhecido mundialmente por seu trabalho na interseção entre arquitetura, algoritmos e fabricação digital.
Ao invés de desenhar formas manualmente, Hansmeyer programa algoritmos que geram geometrias complexas, muitas vezes inspiradas em padrões da natureza.
O resultado são estruturas com um nível de detalhe que seria praticamente impossível ou extremamente caro de produzir utilizando métodos convencionais.
Na **Tor Alva, pela primeira vez, sua abordagem foi além da estética e passou a ser aplicada também em elementos estruturais.
Para finalizar, deixo aqui o link para o site oficial do Michael Hansmeyer, onde você pode conhecer mais sobre seu trabalho, projetos e pesquisas na arquitetura computacional: https://www.michael-hansmeyer.com/
Toda segunda às 07h direto no seu e-mail.
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