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China envia tijolos lunares ao espaço visando base na Lua

#Inovação

China envia tijolos lunares ao espaço visando base na Lua

A China deu mais um passo na corrida espacial ao enviar tijolos lunares para a estação espacial Tiangong. O objetivo? Testar a resistência desses materiais em condições extremas do espaço e avaliar sua viabilidade para a construção de uma base na Lua.

Porém, apesar desse primeiro envio, os chineses não planejam construir com tijolos prontos trazidos da Terra. A ideia é ainda mais ambiciosa: utilizar o próprio solo lunar para fabricar materiais de construção diretamente no local.

Mas como isso funciona na prática? Continue a leitura e descubra os detalhes desse experimento inovador.

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Idealização de uma base lunar chinesa geranda por IA.

A CORRIDA PARA CONSTRUIR UMA BASE NA LUA

A Lua sempre foi um alvo estratégico para a exploração espacial. Nos últimos anos, diversos países intensificaram seus esforços para estabelecer bases científicas e infraestruturas permanentes em seu solo.

No final de 2024, com o envio dos protótipos de tijolos lunares, a China deu um grande passo à frente na busca pela criação da primeira base lunar. O país tem como meta pousar humanos na Lua até 2030 e estabelecer uma base permanente até 2035.

No entanto, um dos principais desafios dessas missões é encontrar uma solução viável para a construção de bases sem depender de materiais transportados da Terra. É aqui que entram os tijolos lunares.

O que são tijolos lunares?

Os tijolos lunares são blocos feitos principalmente de basalto, um material quimicamente semelhante ao solo lunar. Eles são três vezes mais resistentes que os tijolos convencionais e podem ser encaixados sem argamassa, facilitando sua montagem por robôs.

O professor Zhou Cheng, da Universidade de Ciência e Tecnologia de Huazhong, onde os tijolos foram desenvolvidos, explicou que o objetivo inicial de enviá-los ao espaço é avaliar sua resistência e durabilidade.

“Para simplificar, colocamos (o material) no espaço e o deixamos lá… para ver se sua durabilidade, seu desempenho se degradará sob o ambiente extremo.” – Palavras de Zhou Cheng.

A equipe desenvolveu os tijolos protótipos após estudar o solo lunar trazido à Terra pela missão Chang’e-5, a primeira em 40 anos a coletar amostras da Lua.

Apesar do otimismo, o desafio não será fácil. O ambiente lunar é extremamente hostil. A temperatura pode ultrapassar 180°C durante o dia e cair para -190°C à noite. Além disso, a radiação cósmica é intensa e impactos de micrometeoritos são frequentes.

Outro fator interessante, segundo Zhou, é que os pesquisadores usaram diferentes composições que simulam o solo de várias regiões da Lua. Isso permite um conjunto mais abrangente de dados para futuras aplicações.

Os tijolos lunares permanecerão expostos ao vácuo espacial por três anos, e amostras serão analisadas anualmente para verificar se o material resiste às condições extremas.

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Protótipos de tijolos lunares – Universidade de Ciência e Tecnologia de Huazhong.

COMO FABRICAR TIJOLOS LUNARES NA PRÓPRIA LUA?

Transportar materiais de construção da Terra para a Lua é extremamente caro e inviável. Por isso, o foco dos pesquisadores chineses é desenvolver técnicas para utilizar os próprios recursos lunares na fabricação de estruturas diretamente no local.

O primeiro passo foi dado com o envio dos protótipos de tijolos lunares para testes de resistência e durabilidade no espaço. Além disso, a China vem avançando no desenvolvimento de técnicas de impressão 3D, que podem desempenhar um papel essencial nessa missão.

Segundo Ding Lieyun, chefe da equipe chinesa de construção de habitat lunar, é tecnicamente viável coletar solo lunar e processá-lo com lasers para impressão 3D. Essa tecnologia permitiria a fabricação direta dos tijolos de solo lunar sem a necessidade de transportar materiais da Terra.

Em 2021, a equipe de Ding Lieyun publicou um artigo apresentando o “Super Mason Chinês”, um robô pedreiro projetado para manusear tijolos e construir paredes de forma autônoma.

A expectativa é que o robô seja capaz de fabricar tijolos que possam ser encaixados entre si, semelhantes a peças de LEGO.

O robô encarregado de realizar esse processo será lançado durante a missão Chang’e-8, prevista para 2028, segundo Ding. Essa missão será crucial para testar, na prática, a viabilidade da construção automatizada na superfície lunar.

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Modelo de Robô para construção de estruturas na Lua.

casa em formato de ovo na lua

Além de testar novos materiais, os cientistas chineses também estudam o formato ideal para futuras construções lunares. O design mais promissor até agora é uma estrutura que lembra uma — pasmem — casca de ovo.

Inicialmente, os pesquisadores exploraram estruturas em domo, formas de arco e designs colunares, testando diferentes geometrias para garantir que fossem adequadas ao ambiente da superfície lunar e, ao mesmo tempo, fáceis de construir.

Após diversas análises, os pesquisadores chegaram ao conceito da estrutura de domo de dupla camada, chamada “pote lunar”. Esse design inovador foi criado para garantir resistência e eficiência em um ambiente extremo como a Lua.

A construção foi baseada em 12 parâmetros de engenharia, priorizando máximo aproveitamento de espaço, resistência estrutural e isolamento térmico eficiente. Além disso, a estrutura é leve e requer menos materiais.

Dessa forma, seu formato se assemelha a uma casca de ovo. O interior será dividido em dois níveis: um destinado à área de trabalho e outro à área de descanso.

A montagem será totalmente automatizada, com robôs encarregados da alvenaria. Enquanto isso, a impressão 3D reforçará as conexões estruturais, evitando deformações e garantindo maior resistência.

Obviamente, todo o estudo e planejamento dessas estruturas estão diretamente ligados aos resultados dos testes com os tijolos lunares. 

Assim, com os dados obtidos, os cientistas poderão ajustar a abordagem e desenvolver uma estratégia mais eficiente para a construção na Lua

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Modelo de casas lunares em formato de ovo – Universidade de Ciência e Tecnologia de Huazhong.

O que esperar nos próximos anos?

A pesquisa chinesa sobre tijolos lunares e construção automatizada na Lua representa um avanço significativo na exploração espacial.

A China não está sozinha nessa corrida. Os Estados Unidos, por meio do programa Artemis da NASA, e países da Europa, com a Agência Espacial Europeia (ESA), também estão desenvolvendo tecnologias para construir bases lunares.

Os próximos anos serão cruciais para determinar se a impressão 3D e os recursos lunares podem, de fato, tornar possível uma construção fora da Terra.

Gostou de saber mais sobre os testes com tijolos lunares e os avanços na construção espacial? Se achou interessante, compartilhe este artigo com um amigo(a) e ajude a levar conhecimento mais longe. Até a próxima! 🚀

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